quinta-feira, outubro 28, 2004

3.1



Rodapés datados sob fotos pálidas. Nostalgia. Reviver a inexperiência que jamais deixamos de ter, como é bom ver todas as cores da grama verde novamente! Envelhecemos, sentimos o peso do tempo na nossa inocência perdida, morremos a cada segundo sem perceber o nascimento de cada momento na nossa memória, na nossa vida saudosa. Tempo é a cura, amar o sofrer, sofrer aprender, aprender viver. Vida, sorri tanto quanto o sim que você diz para mim.

terça-feira, outubro 26, 2004

2.1

Por que é tão difícil gostar da grama que nasce no jardim dos fundos? Plantamos e colhemos o tempo todo, todo o tempo, e planejamos, e temos medo de dar errado, e visualizamos o acidente e conseguimos o que planejamos. Medo é planejar o futuro de forma pessimista.


2.2


O país é de natureza tropical, encenação geral e pasta de dentes junto à merenda pública. Tristeza é uma nação de outro continente. A fome passa pelo povo sem misericórdia. Porém o sorriso pregado no poster do barraco ainda satisfaz quem não tem opção.
A chuva não pode chegar, o banho de sol tem de durar até as 11, antes da aula de religião econômica. Água Perrier para beber, nem um centavo para a fome que precisa comer na calçada ao lado do sapato.
Quando o pôr-do-sol é nublado, as aparências procuram as sombras e todos escurecemos cruelmente, sem disfarçar.
Pena que só aparências permeáveis estejam em extinção no zoológico de casa.


2.3


Miséria alimenta de fato o artista, se não enche a boca certamente inflama o espírito nos puxando para o alto com o vapor quente das nossas almas queimadas em troca de paz espiritual. Paixão dilacera o corpo, arte dilacera o homem, exigindo atitude em relação à si próprio.


2.4


Como um suicida pode amar o próximo??? Em algum lugar se esconde um guia com os segredos do amor prórpio, mas muitos poucos lêem até o final e a grande maioria acaba estacionando na era glacial, esfriando catalepticamente, morrendo sem perceber o fato. Sofrer é aprender, porém ninguém mais quer estudar e a versão hitleriana do professor-servo de Deus (com d maiúsculo mesmo, para os cegos abrirem a janela da alma!) pendurou o tridente.

segunda-feira, outubro 25, 2004

1.1

Casamento é a formalização de uma forte atração sexual ou a vontade de dividir-se com alguém??? Talvez só a ilusão de sermos felizes como nossos pais nunca foram, ou falta de interesse por sí próprio.
A única coisa necessariamente certa é a morte solitária, e o mais difícil, me amar até lá.

sexta-feira, outubro 22, 2004

Partida, chegada, pontos extremos

.1

Expressar uma alma em caracteres é estar vivo, em movimento, longe-perto, futuro-passado sem a preocupação de voltar. Talvez com o cuidado de jamais voltar ao mesmo ponto inicial, fazendo o movimento do carrossel vida acontecer, se perdendo para encontrar-se daqui horas, meses, anos ou quem sabe perder o eixo.
Hoje é apenas mais um começo, tendendo para o final, infinito, como nos limites matemáticos. O início do desenvolvimento das percepções de um mundo que morde por dentro sempre latindo, sempre latente, visível dentro dos olhos quando a janela está aberta para o choque de partes opostamente complementares.

.2

Não é preciso ter uma face, por dentro a miséria humana é sempre a mesma, e a dramaturgia inerente às artérias e coágulos. Cansei da barba para fazer ou dos dentes a escovar, só quero ser vivo, ser a vida que rói esse grande osso chamado de mundo. Por isso os caracteres, meus pregos, cola e saliva acabaram, não posso mais pregar aquele sorriso amarelado em meu rosto, nem o copy-paste funciona.
Hora de deixar o sol entrar iluminando o que o escuro engole sem farelos.

.3

Seja bem vindo.